Old Dragon Segunda Edição

old dragon segunda edição do classico rpg de mesa brasileiro

Old Dragon 2

Um Dragão nem tão velho?

O RPG nacional nunca produziu tanto quanto nos últimos 10 anos. Posso afirmar isso com a tranquilidade de quem vive de perto essa realidade desde os anos 90.

O RPG deixou de ser algo extremamente recluso para alcançar as mídias sociais e a produção de conteúdo e entretenimento como jamais aconteceu. 

Com isso, Old Dragon, um sucesso nacional com mais de 10 anos de existência, está em sua 2ª edição, que é bem diferente de 2ª impressão.

Durante esses 10 anos,  o RPG conseguiu uma projeção nacional e internacional maior do que em qualquer outra era. Sim, a era de ouro do RPG é hoje, por mais que os medalhões datem de décadas atrás.

A própria existência de Old Dragon demonstra isso, um sistema criado por Brasileiros com uma pegada Old School (pero no mucho) que primou por manter algo mais próximo do D&D 3.5, e em sua segunda edição teve uma campanha de financiamento coletivo muito bem sucedida, com várias metas adicionais sendo alcançadas.

Nem tão velho?

Piadas à parte com old e velho, novo e new, Old Dragon hoje em dia pode ser considerado um adulto, nem tão jovem mas nem tão antigo, um adulto que gosta de ler clássicos de literatura mas que também acompanha os best-sellers atuais.

Uma fórmula que funciona por casar aspectos antigos e novos, o que é extremamente importante para os dias de hoje com a conscientização sobre questões de inclusão e identidade que até mesmo as grandes empresas tem promovido em seus jogos.

Uma questão importante para Old Dragon 2ª edição é a revisão das regras além da reescrita das mesmas buscando linguagens mais claras e acessíveis, fugindo bastante de textos crípticos das décadas anteriores que geravam inúmeras interpretações complicadas além de discussões intermináveis. 

Se a força motriz da segunda edição é um RPG mais simples, com números existentes em menor quantidade e com soluções muito mais ligadas a interpretação de regras, esse cuidado de esclarecimento é extremamente  novo, com a escrita das regras buscando uma clareza universal, para que possa ser uma língua comum entre diversas mesas e jogadores.

Algo que só é possível atualmente devido a um grande amadurecimento do RPG em nossa terra.

Old Dragon: Inspiração antiga?

Se na primeira edição de Old Dragon existia inspiração em D&D 3.5, nessa segunda edição a invocação dos espíritos do passado foi ainda mais longe, buscando ideias e conceitos simplificados de edições anteriores que trazem uma simplicidade de uma época onde os livros de RPG buscavam ter poucas páginas para que pudessem ter custos de impressão reduzidos.

Ainda assim, Old Dragon 2ª edição está de olho na atualidade e na grande importância que é dada atualmente para narrativa e interpretação que não são comuns aos sistemas Old School, que prezavam pela exploração de masmorras, combates rápidos, aquisição de tesouros e bens para que masmorras mais difíceis pudessem ser exploradas.

Como estamos falando de algo publicado na década de 20 (do século 21), essa inspiração para narrativa tem fortes raízes nos anos 90 (do século 20) dá 30 anos de distância e, nomenclaturas à parte, acaba também sendo algo antigo.

Mas é importante salientar que o tal Old School, em termos de idade, atualmente, poderia ser chamado de Ancient School, por isso em alguns momentos o que realmente significa Old School possa parecer confuso.

Proximidade do Público

livros do old dragon 2

Uma característica interessante de Old Dragon é a proximidade de seus autores do público, algo que remonta ao Old School onde os autores normalmente tinham contato com os jogadores e mestres em convenções e muito material surgia exatamente dessa relação, algo que se perdeu um pouco na internacionalização do RPG mas que em um projeto nacional que tem a Internet como principal ferramenta de comunicação, permite interessantes iterações.

Essa proximidade pode ser vista nas diversas comunidades que existem em torno do Old Dragon, uma proximidade que certamente influencia e facilita muito o trabalho de testar novas regras, buscar clareza de texto e uma escrita que não dê margem para interpretações duplicadas (ou ao menos diminui em muito as margens para isso).

E que possa refletir um pouco dos conceitos e referências que os jogadores e mestres atuais possuem, afinal, estamos falando de 50 anos de existência, de diferentes gerações, referenciais e até mesmo expectativas de vida. 

As grandes iniciativas que tem acontecido ao redor do mundo do RPG tem buscado essa proximidade com o público, nem sempre para influenciar como as regras são escritas, mas sempre para entender quem são esses jogadores, quais são seus desejos e expectativas para que um novo sistema possa ter maior aceitação e até mesmo longevidade.

E então…

Em um cenário onde temos gigantes nacionais como Tormenta e Ordem Paranormal, mesmo com grandes clássicos como Tagmar e Desafio dos Bandeirantes, ou mesmo alguns dignos de nota como A Bandeira do Elefante e da Arara, competindo junto com os internacionais Sétimo Mar, Numenera ou mesmo o colosso ancestral D&D, Old Dragon se propõe a ser uma possibilidade que busca simplicidade e parece possuir a agilidade que alguns desses colossos não possuem.

A quem ele se direciona principalmente, os jogadores Old School, talvez o que tenha mais interesse seja buscar uma neutralidade em campos progressistas ou de representatividade, mas ainda assim buscando atualizações necessárias para o Hobbie e como o RPG é pensado desde sua concepção para que pontos problemáticos possam ser evitados em um material “comum a todos” que é o que um sistema de RPG se propõe.

Os próximos 10 anos de Old Dragon possuem pela frente grandes desafios, como os já citados Tormenta e Ordem Paranormal, ou mesmo o vindouro 3D&T Victory, que embora alguns ainda apontam sua origem como sátira de super sentai, se tornou uma opção simplista para mestres e jogadores no Brasil, formando uma comunidade apaixonada.

Como ele sairá? Depende não apenas do resultado do d20, mas também dos modificadores que nossa sociedade pode vir a receber, sejam eles dirigidos por uma mão determinística ou não. 

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Texto escrito por Arddhu

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